terça-feira, 2 de setembro de 2008

Mais um ano

Passaram-se quatro dias. É incrivel como a supertição de acreditar em um inferno particular se faz crível a cada ano no final do maldito mês de agosto.

Todos os anos a mesma coisa. Ninguém se lembra, ninguém se importa. Não são os dias deles. É minha memória ficando mais velha. Meus antigos fracassos costurados a um novo, uma nova data apática para ser lembrada no ano seguinte.

Devo ser capaz de atrair toda a porcaria ruim da minha vida para um único dia. Por mais que não me recorde de ter sido assim num passado mais distante, tenho certeza da memória que ficou dos ultimos cinco anos.

Relacionamentos acabados.
Brigas insuportáveis com familiares.
Acidentes trágicos.

Pode contabilizar cada um. São o retrato que ganho ano após ano autografado pelo azar.

Um pouco de esperança, porém: diferente do habitual, pude compartilhar de uma variável interessante deste pesadelo. Pessoas esforçadas, lutando contra minha absoluta vontade de solidão, tornaram o fim do dia um presente agradável.

Dizem que as lágrimas são de tristeza apenas. Dor, sofrimento ou saudade. Por mais que se diga que a felicidade faça o mesmo, não consigo acreditar. Choro não por estar absolutamente feliz naquele momento. Não por estar cercado de pessoas maravilhosas que tornaram uma noite terrível em uma festa inesquecível. Minhas lágrimas são pelos anos passados. Uma mistura de todos os sentimentos ruins que sempre me invandem nesta data tão maldita.