quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Ilusões dos outros

Minhas raizes apodreceram no solo fértil da minha casa. Os donos de empregos maravilhosos e familias sorridentes olham com um misto de pena e desprezo o grande inútil que minha mãe foi capaz de criar. Ela chora em seu canto quieto. Acredita (engana-se) pensando em como o futuro que comprou parecerá mais atraente para seu filho.
Oportunidades. Empregos públicos. Uma esposa sorridente e submissa. Posso ler em seus olhos o que espera de mim. Vou morrer frustando-me ao enganar (acreditar) meu íntimo de que sou um derrotado profissional. Uma boa piada de salão. Um copo compartilhado com pessoas ainda na mesma situação, mas com planos muito mais concretos. Suas faces foram esculpidas em dor. A minha, em pelica. Não sinto pena das dificuldades que tiveram para conseguir um estudo impossível.
Não me compadeço de uma dor tremenda por não ter conseguido êxito em algo transformador. Minha máquina de ignorancia produz de forma industrial formas e fórmulas de explicar o porque estou além de toda essa merda que invejo. No brinquedo favorito de quem não possui nada, o verdadeiro prazer.

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